Transtornos Alimentares: o que são, tipos mais comuns e caminhos para o tratamento
- José Charbel
- 4 de mai.
- 3 min de leitura

Transtornos alimentares não se limitam a dietas extremas ou a uma insatisfação com a imagem corporal. Eles são condições psiquiátricas complexas, que envolvem sofrimento intenso, risco físico real e comprometimento emocional significativo. Apesar de frequentemente romantizados ou mal compreendidos, esses transtornos precisam ser tratados com seriedade, responsabilidade e empatia.
Neste artigo, você vai entender o que são os transtornos alimentares, conhecer os principais tipos e saber quais são os caminhos possíveis para o cuidado e a recuperação.
O que são Transtornos Alimentares?
Transtornos alimentares são quadros definidos por alterações graves no comportamento alimentar, geralmente associados a uma preocupação excessiva com o peso, forma corporal e controle da alimentação. Essas condições vão muito além da aparência: refletem um conflito psíquico profundo, marcado por angústia, compulsão, culpa, isolamento e sofrimento.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), essas condições podem comprometer o funcionamento social, profissional, emocional e físico da pessoa — e, em casos graves, levar a complicações clínicas severas, como desnutrição, arritmias cardíacas e até risco de morte.
Importante: não se trata de “frescura”, vaidade ou falta de força de vontade. São transtornos reais e exigem abordagem técnica e humanizada.
Quais são os principais transtornos alimentares?
Abaixo, os quadros mais comuns:
Anorexia Nervosa
Caracteriza-se por uma restrição alimentar severa, medo intenso de ganhar peso e distorção da imagem corporal. Mesmo estando abaixo do peso, a pessoa se enxerga “gorda” ou “inchada”. Há risco de desnutrição, perda muscular, alterações hormonais e complicações graves.
Bulimia Nervosa
Envolve episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso excessivo de laxantes ou jejuns prolongados. Em geral, a pessoa mantém um peso dentro da normalidade, o que dificulta o reconhecimento do transtorno.
Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)
A pessoa consome grandes quantidades de comida em um curto período, com a sensação de perda de controle, seguida por culpa intensa e vergonha. Não há comportamentos compensatórios, o que pode levar ao aumento de peso e quadros de obesidade associados à saúde mental fragilizada.
Outros transtornos alimentares
Existem ainda condições menos conhecidas, mas igualmente importantes:
Ortorexia: obsessão por comer de forma "saudável", com prejuízo social e emocional.
Vigorexia: obsessão por ganho de massa muscular e controle da composição corporal.
Pica e ruminação alimentar, mais comuns na infância ou em condições associadas ao neurodesenvolvimento.
Como identificar os sinais de alerta?
Os sinais podem variar, mas atenção a:
Dietas muito restritivas ou jejum frequente
Preocupação exagerada com calorias, peso ou “alimentos proibidos”
Medo ou culpa ao comer
Evitar refeições em público
Compulsões alimentares frequentes
Indícios de vômito induzido ou uso de laxantes
Isolamento, irritabilidade, ansiedade ou tristeza persistente
Queda de cabelo, tonturas, menstruação irregular, fadiga crônica
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico deve ser feito por um médico psiquiatra, com base na história clínica, comportamento alimentar, sofrimento psíquico associado e possível presença de comorbidades (como ansiedade, depressão ou transtorno obsessivo-compulsivo).
Também é comum o envolvimento de uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos, nutricionistas e, em alguns casos, endocrinologistas ou clínicos, para avaliação do estado físico.
Não há um único exame para “confirmar” o transtorno — o mais importante é uma escuta qualificada e livre de julgamentos.
Quais são os tratamentos indicados?
O tratamento dos transtornos alimentares deve ser individualizado e interdisciplinar, sempre respeitando o estágio clínico do paciente e sua disposição para o cuidado.
As principais abordagens incluem:
Acompanhamento psiquiátrico: essencial para o diagnóstico, manejo de comorbidades e, quando necessário, uso de medicação.
Psicoterapia: especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), terapia familiar e abordagens psicodinâmicas.
Acompanhamento nutricional especializado, com plano alimentar ajustado à realidade clínica e emocional do paciente.
Intervenção intensiva ou internação nos casos graves, com risco nutricional ou suicida.
O acolhimento da família e a criação de um espaço seguro são elementos fundamentais para a recuperação.
O impacto social e emocional dos transtornos alimentares
Vivemos em uma cultura que reforça padrões estéticos irreais, associando valor pessoal à aparência física. As redes sociais, dietas da moda e discursos moralizantes sobre comida contribuem para a culpabilização e o adoecimento silencioso de muitas pessoas — especialmente mulheres, adolescentes e jovens adultos.
Por isso, o tratamento precisa ir além da comida: envolve reconstruir autoestima, autonomia, identidade e relação com o próprio corpo.
Transtornos alimentares são graves, mas tratáveis. Quanto mais cedo forem identificados e abordados com cuidado profissional, maior a chance de recuperação e retomada do bem-estar físico e emocional.
A Dra. Anlles Viana oferece acompanhamento psiquiátrico responsável, humano e baseado em evidências, com foco em respeitar a singularidade de cada paciente e promover um tratamento integrado e eficaz.
Se você ou alguém próximo apresenta sinais de sofrimento relacionados à alimentação ou à autoimagem, não hesite em buscar ajuda. O cuidado começa com a escuta.
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